Seqüestrado.
Ela
veio bem devagar e me convidou para tomar um chá.
Fazia
frio e chovia naquela tarde como há muito não acontecia.
Ela
olhava para mim e me abraçava.
Uma
caneca de aço tremia acima da chama do fogão indicando ser retirada para uma
mesa.
Comporta
com toalha em flores primaveris, a mesa se fazia imponente naquele retangular
espaço.
As
xícaras em porcelana, pousavam em pires
chatos, quadrados com cantos arredondados.
Saquinhos
desciam pelas suas bordas e eram banhados em água fervente.
Ela
olhava para mim e apertada minhas mãos.
Duas
colheres de mel deslizavam para o fundo das xícaras, deixando doce o que
parecia amargo.
Ela
me olhou e convidou-me para tomar um chá na minha casa.
Nossas
mãos se aqueciam em volta das xícaras quentes que empurravam em nossas
gargantas
Aquele
que alimentariam nossos corpos por hora.
Lá
fora o frio aumentava e ela me a abraçava como com olhos de quem estava
perdendo o calor do seu chá.
Ela
olhava para mim e me beijava com ternura.
O chá
na xícara já havia findado e no fundo ainda marcava um doce gosto do mel.
Ela
olhava para mim e me empurrava para o quarto.
Aquele
gosto de chá com mel se espalhava pela nossa boca e adoçava nossa língua num
beijo longo.
Ela
me empurrou para meu quarto
Eu
caí em cima da minha cama.
Ela
olhava para mim e me beijava.
Ela
me sequestrou para o meu quarto.
Lá
fora estava frio e a cama quente.
Eu
perdi meus sapatos.