terça-feira, 21 de junho de 2011

O Galo da Madrugada

O GALO CANTADOR DO PAI JACÓ
Naquela tarde sonolenta do inicio do mês de abril, a noite se fez presente com seus mistérios e entrou madrugada adentro, trazendo os sons dos pássaros e animais noturnos que habitam o meu recanto.

Do silencio que se fazia notar, percebi de repente, que a coruja que se instalou há vários dias em um dos galhos de uma arvore próximo ao meu quarto de dormir, começou a emitir alguns sons a procura quem sabe, de um parceiro para passar a noite.

Daquelas suplicas amorosas, conseguiu transmitir pelas ondas sonoras, talvez algum cheiro, jogando no ar, alguma química especial. Não deu outra, bem ali naquele galho, aproximou-se outra, formando o par.

Penso que da aproximação, se iniciou um namoro, com piados cada vez mais fortes, terminando em um repique muito agudo. Eu acordado, acompanhava aquela sinfonia, intercalados dos mais variados tons.

O sono foi embora! Restou aguardar que tudo aquilo terminasse logo, para poder retomar o meu descanso. É muito interessante observar, que a noite traz sons que não estamos acostumados a ouvir.

Percebi latidos de cachorros errantes pelas ruas do meu condomínio, alguns de forma frenética outros em tom de suavidade. O que faz um animal desses latir dessa forma? Penso que os mais estridentes, são porque animais noturnos saem de suas tocas, invadindo o seu território.  Trava-se então uma luta, o predador em busca de alimentos para a sua prole escondida em buracos ou tocas dentro de uma arvore, e o cachorro que é o guardião do seu território, e protetor de seu “dono”, avisando que algum perigo está para acontecer.

Sim, porque o som dos latidos agora se tornava mais forte, uma vez que presenciou uma perseguição a um pequeno roedor, por uma raposa faminta, que estava acontecendo naquele momento.

Abri a janela e pude ver que meu pensamento estava correto, o animal caçador carregava na boca, à presa, logrando êxito no abastecimento de comida para saciar a da fome da família.

Em um espaço de curto tempo, enxerguei outra situação, um gato subindo pela arvore em busca daquele casal de corujas. Esse animal também de hábitos noturnos, caçador por excelência, mirou um bote certeiro, abocanhando aquela ave de rapina que estava em estado de sonolência e não se preparou para a defesa.

Restou no galho, apenas uma coruja, que começou a trinar sons de tristeza por ver a suposta companheira ter ido desastradamente embora, servindo de alimento para outra espécie. Assim é a vida da cadeia alimentar, coloca em pratica a sua força, e de nada adianta nos lamentar, é o poder do mais forte, impondo as regras da mãe-natureza.

Nessa altura da madrugada o relógio biológico do meu galo despertou com toda a sua força, veio o primeiro canto cheio de vigor, acordando as pessoas que tem nele o seu despertador. Ele canta e canta, comecei a ficar irritado e enumerei a quantidade, das seqüências, chegou a treze! Haja paciência para quem não dormiu e está com o sono atrasado.

Nesse turbilhão de emoções! Parece que o meu galo enviou uma mensagem! Parem com essa barulhada toda! E parece que foi isso que aconteceu, o galo parou de cantar e toda a bicharada e aves noturnas se calaram.

Desse dia em diante apelidei o meu galo de o “corneteiro da paz”, creio eu, porque nos outros dias, não mais ouvi os sons noturnos, talvez porque o meu sono veio cedo e dormi com tranqüilidade.




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