quinta-feira, 3 de maio de 2018

UM MENINO ARTEIRO


UM MENINO ARTEIRO
Marcial Salaverry

Um menino arteiro,
de espírito aventureiro,
que adorava as histórias do Zorro,
na base do mato ou morro...
Viveu venturas e desventuras,
em imaginárias aventuras...
Aventuras de tão imaginadas,
que acabaram realizadas...
Elaborava mil roteiros,
e aconteceram quase por inteiro...
E como foi duro,
esperar pelo futuro,
para realizá-las...
Enquanto estava a sonhá-las,
eram outras suas aventuras...
Sempre dizia, "de cachorro,
jamais corro"...
E em sua lembrança,
vêm os pomares da vizinhança...
E eram as goiabas,
e também as jaboticabas...
Assim "conquistadas", tão deliciosas...
Como eram saborosas...
"Ai que saudade que tenho",
quando disso a lembrar-me venho...
São lembranças tão vividas,
"da aurora da minha vida"...
Adorava roubar flores,
encantado por suas cores,
e à minha mãe oferecia,
quase todo dia...
E ela me beijava agradecida,
pelas flores que recebia comovida,
mesmo sabendo como as conseguia,
mas o vizinho nunca me via...
E das vidraças, sequer imaginava
quem as quebrava...
Meu espírito aventureiro,
sempre livre por inteiro,
levou-me a lugares distantes,
numa experiência de vida,
jamais esquecida...
Mudei rumo, descobri novos caminhos,
vivi, viajei, conheci...
Muita experiência adquiri...
Eis-me de volta ao meu cantinho...
Mais vivido, mais experiente,
disposto a viver, simplesmente...
Amores vividos, amores tidos,
amores igualmente perdidos...
Sempre muitos amores,
dando à vida novas cores...
Mas um espírito assim aventureiro,
quer um amor total, por inteiro,
pela vida inteira,
sem fazer mais besteira,
um amor que seja eterno,
enquanto é terno...
O importante é viver a vida,
vivendo-a como deve ser vivida...

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