segunda-feira, 30 de março de 2020
Ouviu-se falar em inúmeras mortes
Ouviu-se falar em inúmeras mortes
Teresa Azevedo
Poeta, Escritora,
Coordenadora do Projeto Lítero Social Ondulações
Membro Efetivo da Academia Nacional de Letras
do Portal do Poeta Brasileiro
Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni
Teresaazevedo.projetos@gmail.com
Amanheceu no caos do planeta, o caos não começou ali, ele já existia desde a antiguidade até os tempos atuais e até a consumação dos séculos.
Ouviu-se falar em inúmeras mortes em todo canto por um micro-organismo invisível, caixões se enfileiraram pelas ruas ou em caminhões refrigerados até que fosse possível enterrar tantos mortos durante os picos da epidemia, as pessoas foram isoladas em suas casas – tinha-se que evitar toda espécie de aglomerações, as ruas ficaram desertas, muitos se desesperaram pela solidão instaurada, outros por perderem seu sustento desesparançosos de dias melhores, criando uma corrida desenfreada aos supermercados esvaziando as prateleiras – houve estoque de produtos em muitas casas e falta do mínimo em outras. Nos hospitais, as equipes exauridas buscavam força e coragem para continuarem trabalhando, faltaram leitos, equipamentos, medicamentos e o cheiro da morte impregnava todos os ambientes. Muitos passaram a trabalhar remotamente de suas casas. Lojas, shoppings, hotéis e restaurantes fecharam suas portas. Só os serviços essenciais continuaram trabalhando. A necessidade de uma logística emergencial era premente em todas as áreas e os governos brigavam entre si para estabelecê-las, uns com consciência e sobriedade mesmo em meio à gravidade da situação, outros visando somente o poder. A economia de muitos países desabou, as consequências da crise mundial foram desastrosas e terríveis sob todos os aspectos.
O pânico se instaurou no caos.
E então o caos preexistente, aquele com o qual as pessoas não se importavam mais e que diariamente ouviam falar de homicídios, suicídios, chacinas, feminicídios, homens-bomba, sequestros, corrupção, roubos, aquecimento global, fome no mundo e tantas outras notícias que já não as abalavam porque não as afetavam diretamente e que poderiam comentar tais desgraças e no minuto seguinte continuar vivendo suas vidas, desapareceu.
Agora era diferente, aquele vírus poderia ser letal para qualquer um de nós e seu ataque não afetava apenas um, mas todos e multiplicava-se com uma rapidez espantosa e não respeitava fronteiras, condição social, poder ou coisa que o valha.
Sim, a pandemia trouxe medo, pânico, insegurança, solidão, mas trouxe principalmente a oportunidade de nos reconectarmos com Deus, de valorizarmos a família, os amigos, o amor, de nos unirmos em um só clamor por todo planeta.
Deus estava dando ao homem mais uma oportunidade de se reconciliar com Ele, de lembrar de onde veio e para onde irá, que Ele enviou Seu filho ao mundo para salvar a humanidade, não apenas de um vírus para que continuasse vivendo nesta Terra, mas para viver com Ele por toda a eternidade.
Ainda seriam mais alguns dias, talvez meses, e como nas batalhas há baixas de alguns soldados, a cena de devastação do “pós-guerra” não seria bonita e levaria algum tempo para rearrumar a casa e nos recompor. Minha oração foi para que todos fôssemos fortes não apenas em nós mesmos, mas em Deus e no amor de uns para com os outros, que ao fim desta batalha tenhamos aprendido muito, tenhamos crescido, produzido bons frutos, amado e orado como nunca fizemos antes, de modo a crermos e nos rendermos ao Filho Unigênito de Deus – Jesus o Cristo, que a mensagem deixada por este período crítico fique cravada em nossas mentes e corações como um tempo de superação e não de derrota.
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