RENÚNCIAS NA VIDA

RENÚNCIAS NA VIDA                               

Marcial Salaverry

Pelos motivos mais diversos, muitas vezes nos vemos obrigados a renunciar  a alguma coisa que muito desejávamos.

Sempre é uma experiência frustrante essa necessidade de colocar de lado algo que começou a fazer parte de nossos sonhos.  Mas... que fazer?  São contingências da vida.

São situações as mais diversas.  Muitas vezes, quando crianças,  sonhávamos com algum determinado brinquedo que alguns colegas tinham.  Pedíamos a Papai Noel (na minha infância ele ainda era vivo...), e para nossa tristeza, ele “se esquecia” (justificativa dos pais)... e o sonho ficava adiado para o ano seguinte, pois os pais não tinham condições para comprar esse brinquedo,(que geralmente era caro...).

Depois, aquele romance de amor imaginado e acalentado, ao qual tivemos que renunciar, depois de compreendermos que professores (as) estão na escola para ensinar os alunos, e não para namorar com eles... Principalmente aquela linda professora de francês, que teve de explicar pacientemente que o carinho demonstrado era pelo fato de ser um excelente aluno, e não por estar apaixonada... Coisas da vida...

Esses são exemplos de algumas das muitas renúncias que a vida sempre nos exige, e para as quais devemos estar sempre preparados, já que nem sempre é possível a realização de todos nossos desejos.

Aliás, nem sei se seria boa essa possibilidade... pois terminaria por nos tirar a vontade de lutar, e o estímulo para ir à luta.

O importante, é sabermos “encaixar” essas renúncias, e não permitir que a vida seja destruída por causa delas.  Não é pelo fato de vermos cerceado nosso caminho em busca de algum objetivo, é que vamos desistir da vida.  Se uma coisa não foi possível... vamos reformular o projeto, verificar onde está a falha e tentar retomá-lo.  Ou abandoná-lo se for de todo inexequível, e partir para outra coisa, pois malhar em ferro frio é contraproducente...

Da mesma maneira se a renúncia for no plano amoroso.  Algumas vezes nos apaixonamos por alguém que não corresponde aos nossos sentimentos. Ou, por vezes, até corresponde... Mas existem fatores que podem impedir o romance.

Pode ser que uma das partes seja comprometida, ou mesmo as duas.  É uma situação que tem de ser muito bem analisada e que, forçosamente, vai provocar uma renúncia aos desejos amorosos. E isso não pode, nem levar ao desespero, nem tampouco ao célebre: “Não poderei viver sem essa pessoa”.

Esse tipo de situação sempre leva a alguma renúncia, seja pelo romance já existente, seja pelo que está surgindo e sempre é problemático.  Nunca é fácil  desistir de uma vida já estabilizada, por algo que começa.  Só que isso leva muita gente ao desespero, ou quase.

Não é por aí... Se não deu certo com um certo alguém, poderemos sempre encontrar outro amor.  Uma renúncia não pode provocar uma desistência pela vida.

Existem muitos outros motivos que atrapalham romances, exigindo renúncias e acomodações.

Por exemplo, quando um dos dois desfruta de uma boa e sólida posição em sua carreira profissional, e essa situação não é bem aceita pelo outro lado, que exige atenção total. Nesse caso, de qualquer maneira uma renúncia terá que ser feita, ou a algo a que se chegou após muito trabalho e sacrifícios, ou ao romance.  Penso que num caso desses não há muito no que pensar.  Por mais que o amor seja importante em nossa vida, temos que pensar no que fizemos a vida toda.   A dúvida fica entre deixar o amor em benefício da vida, ou deixar a vida em benefício do amor.  É um problema, que exige muita ponderação, e discernir o que é mais importante.

Bem,  a uma coisa não renuncio de jeito nenhum, que todos tenham UM LINDO DIA.