Conheci Petrópolis nos anos 1960, na primeira vez que fui ao Rio de Janeiro. A pequena cidade serrana, incrustada no passado, aguçou meu espírito romântico.
Vou lembrar-me, enquanto viver, da emoção que tomou posse de mim, quando em devaneio, flutuei pelo Quitandinha. Criada no interior do Rio Grande do Sul, ouvindo notícias sobre espetáculos grandiosos que lá eram apresentados por artistas de renome, como Grande Otelo e Carmen Miranda, sobre atores famosos de Hollywood, como Errol Flynn e Greta Garbo, que por lá exibiam seu glamour, e políticos importantes, como Getúlio Vargas e até a mulher mais famosa da América Latina, Evita Perón, que por lá desfilavam, como não lacrimejar?
Deslumbrei-me com o Palácio Imperial (Museu). Uma grandiosidade. Achei engraçado ter que tirar os sapatos e calçar uns chinelos (como na casas das minhas amigas), enquanto a voz da minha professora de história me sussurrava para ver a beleza da coroa de D. Pedro II, examinar bem os vestidos e joias da nobreza, sentir o perfume de madeira. Então meus olhos arregalados sorviam cada cômodo, cada móvel, cada objeto, organizando-os à minha moda na minha mente para que ali se perpetuassem.
Maravilhei-me diante da “encantada” casa pequena e diferente de Santos Dumont. No topo da escada parei e na magia do sonho voei com ele pelos céus do Brasil.
E o relógio de flores? Diante dele senti o poder e a maravilha de um tempo que pode ser colorido e perfumado.
No palácio de Cristal, dancei uma valsa de Strauss ao lado da princesa Isabel e do Conde d´Eu que sorriam para a jovem tímida e seu elegante par.
Mas o que me marcou profundamente foi o passeio de charrete. Um possível retorno ao passado, quando a vida era impulsionada pela paz e pelo amor, e o coração pulsava tresloucadamente apenas com um olhar.
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google
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