Em uma manhã de sábado acordei com o
tradicional gorjeio dos pássaros que ficam saltitando nas arvores próximas ao meu
quarto de dormir. Abri a porta-balcão e fiz uma saudação de louvor por estar à
frente de mais um dia de minha vida.
Fiquei filosofando com os meus botões pensando
que deveria fazer um bom proveito daquelas horas, porque quem sabe em outra
ocasião, poderá faltar essa oportunidade.
Como não tinha programado nenhuma
atividade, fiquei pensando em realizar uma caminhada pelas áreas verdes do meu
Condomínio. Quando me preparava para tal empreitada, escutei um som estridente
vindo de uma pequena mata no final da rua. Curioso para ver do que se tratava caminhei
naquela direção, lá chegando, comecei a olhar para o alto das arvores
procurando por algum pássaro diferente dos que já conheço, ou ainda, um pequeno
animal silvestre.
Foi quando então aquele som repercutiu
novamente em meus ouvidos, aperto o passo e começo a procurar de um lado e do
outro e nada enxergo. O meu pescoço já estava retraído e estralava como uma
pedra jogada sobre o asfalto da rua de tanto buscar o autor de tal proeza.
O som continuava alto de forte parecendo
desafiar os meus olhos que rodopiava loucamente a procura de algum bicho, uma
ave, sei lá... Eu tinha que encontrar quem produzia aquele som que se tornava
cada vez mais alto.
Nessa altura, o pescoço doía, à vista
já estava turvando e lacrimejando, uma vez que conforme as arvores balançavam
com o ainda pouco vento, abria-se uma clareira com o sol jogando uma enxurrada
de raios sobre os olhos já cansados de olhar sem nada encontrar.
Quando parei sob uma grande arvore
senti um objeto explodir sobre a minha cabeça provocando uma dor muito forte. O
que era? Um caroço de uma fruta desconhecida. Olhei novamente para o alto... E
constatei um pequeno animal dependurado sobre um imenso galho seco que lhe servia
de trampolim e trapézio.
Sim era um bicho. E certamente foi ele
quem atirou o caroço já gasto de tanto comer a polpa que deveria estar
deliciosa. Mas de que espécie? Parecia da família dos macacos. Um símio talvez,
porque tinha na pele da maxila inferior uma barbada.
Fiquei observando os seus movimentos e
atitudes por um bom tempo. Notei que estava com uma das mãos carregando outra
fruta. Colocou-a na boca e começou a devorá-la com imensa volúpia e deleite. Eu
lá em baixo senti vontade de saborear também. Comecei a procurar a fruta lançando
o olhar sobre os galhos mais finos e atentos aos movimentos do símio.
Quando terminou de saboreá-la jogou novamente
o caroço sobre a minha cabeça. Soltei um grito e falei, - “ô seu mal-educado”,
vai jogar na cabeça do seu companheiro, porque ao seu lado tinha mais um da
raça.
Parece que ficaram satisfeitos com a
pontaria, acertando a mim que era o seu alvo. Começou outra vez aquela cantoria
que me atraiu a busca dos sons da manhã, bem diferente do gorjeio da família de
sabiás-laranjeiras que habitam as arvore lá de casa.
Fiquei observando não achando nenhuma
graça, e eles parecendo que riam soltando gargalhadas e emitindo um som bem
diferente. De repente um deles soltou um esguicho que vinha em minha direção
trazida pelo vento que agora se tornava mais forte. O cheiro era insuportável,
antes que me atingisse, dei um pulo para traz; falseei o pé e caí sentado sobre
a guia da rua.
Levantei-me e olhei para o alto. Não
estavam mais, deram no pé, porque eu já tinha apanhado uma pedra para espantá-los.
Voltei para casa e fui consultar a enciclopédia dos bichos para definir o tipo
de símios que produziram aqueles sons, que não souberam respeitar os seres
humanos que os protege para que sua raça não se acabe.
Depois da consulta, cheguei à
conclusão tratar-se da família dos símios denominados de Guariba. Se novamente
eu escutar aqueles sons não vou ser mais curioso de ir até lá. Vou “recomendar”
aos meus vizinhos, dizendo tratar-se de animais maravilhosos e, quem sabe, tenham
a mesma “sorte” que encontrei.
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