domingo, 26 de setembro de 2010

O ÍNTIMO SE DEIXA VAZAR...

Joaquim Moncks

Legal, amadinha! Não te preocupes, entendo muito bem. Eu é que fiquei preocupado... Tenho prática nos contatos com jovens escritores, nem sempre eles falam o que estão sentindo e eu fico com medo de avançar o sinal... Consigo me fazer entender? Fazer análise literária é tarefa muito difícil e trabalhosa, porque, principalmente em Poesia, se está a mexer com a intimidade humana e com alguns valores confessionais que o autor quase sempre detesta que sejam apanhados e revelados... No poema, especialmente na poética feminina, a mulher acha que se expõe, mesmo que o texto, por apresentar poesia (e não somente um relato derramado, prosaico) seja completamente codificado, não revelador – aparentemente – de fatos da realidade da vida íntima. O usual desta linguagem é o lírico-amoroso, revelador de situações que, por dizerem respeito ao confidencialismo, apresentam-se como tabus, no intrincado e rico universo feminino. Por vezes, há valores familiares a serem protegidos, velados... Cada vez mais percebo que a Poesia é a coisa mais íntima que uma pessoa pode deixar vazar... E vem acompanhada de reticências, de temores provindos dos mais fundos escaninhos memoriais. Ninguém quer ser pego em flagrante...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

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