domingo, 26 de setembro de 2010

FADA-MADRINHA

Joaquim Moncks

A fonte do poema nunca é a alegria.
Esta é a própria poesia personificada,
a fada-madrinha viva, resoluta, saltitante:
o olho além da órbita, dentes além da boca.

Afinal, recados pro coração são sempre lágrimas
entre o confrangimento e o sorriso encabulado.

Poemas são, apenas, olhos do coração,
e ambos são chorões por sua própria natureza.
O sangue, líquido e escondidinho,
navega por caminhos impensáveis.
Passeia no compasso dos afetos.

Em ti e contigo, amadinha,
existe uma confidência
a que não estou acostumado:
sei que falas a voz profunda
dos aflitos, mas não a dos sem-Deus,
e estes são pequenos,
perderam-se faz muito tempo...

– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p.24.

2 comentários:

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  2. Belissimo texto ..pbens ao poeta ... abçs

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