Ensaio um poema
onde as águas de março
levam longe a poeira
das ruas.
Os versos não guardam
o ódio dos homens.
Com fitas azuis,
belas mulheres
bordam o mar.
Carrega o vento,
as cores do chão.
Traçam promessas
feitas em vão.
Falam as roupas
num tempo de missas
rezadas no muro.
Pessoas apressadas
assobiam no escuro.
Lambem as pernas,
pedras lavradas,
ossos molhados
e duros.
Ensaio um poema
de óculos escuros.
Cortadas na chuva,
renascem as árvores
num solo impuro.
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