sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A CASA DO PORTÃO AZUL

Imagem Google

É na casa do portão azul,
na primeira esquina da rua.
A casa não lhe pertence,
também a vida já não é sua.
As cicatrizes visíveis na testa
são reflexos dos infernos vividos,
As não visíveis, na alma,
são alanhadas crônicas.
Sua inocência é a melhor parte,
quase nunca sai,
embaraçado em desgostos,
não tem entusiasmo na vida.
Não mais consegue disfarçar o ardil,
a carceragem na qual foi escravizado,
triste destino de um homem tão digno!
Na casa do portão azul vive um homem,
casa, não... Mausoléu...
Se lá não encontrá-lo, olhe à direita da rua,
verás um espectro passo a passo,
aparentando bonança e quietude...
Olhos fixos no próprio umbigo.
É ele meu grande amigo,
que de tanto chorar por dentro
perdeu o rumo... Tornou-se bruno.

Ceiça Lima
PORTAL DO POETA BRASILEIRO
"Eu faço parte desta história!"

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