Prosa Poética:
Vida Comum
Não tenho coleção de sapatos, não tenho um guarda roupa importado, tenho um vira lata na coleira e na garagem tenho um fusca estacionado! Vivo do meu salário, que sempre acaba antes do mês, pago a água, pago a luz, do fiado sou freguês.
Eu não sou celebridade, não ponho a cara na TV. Não me atrevo, na verdade, nem no tal do BBB. No trabalho sou mais um, bato o ponto todo dia, entro cedo, saio tarde, não possuo mordomia. De casa levo marmita, que eu como requentada, muitas vezes como fria, mas pelo menos não fico com a minha barriga vazia.
No carnaval eu não ando me sacudindo por aí, passo longe da folia, longe da Sapucaí. O que me sacode é o vento, que entra pela minha janela, empoeirando meu sapatinho, que nem é de cristal feito o da Cinderela. Fico aqui no meu canto, ascendo uma vela pro Santo, quem sabe ele me enxergue e me cubra com seu manto.
No mais vou vivendo assim, neste mundo que é meu. E quem quiser gostar de mim vai ter que se acostumar. Na minha mesa tem arroz, tem feijão pra acompanhar, de mistura ovo frito e farinha pra completar. Caso o luxo seja pouco, a porta da frente está a serviço, o portão está destrancado e acabe logo com isso. Vá embora, vá com pressa que a comida está esfriando e eu tenho compromisso!
Mi Guerra
Mi Guerra
Olá, Mi. Bonita e verdadeira crônica. Isto é a triste realidade de milhares de pessoas. Grande abraço.
ResponderExcluirSempre tem um cãozinho vira lata amigo acompanhando pessoas bem pobres! Se vem um ser humano empurrando uma carrocinha... atrás vem um cãozinho! Esses animais são muito carinhosos!
ResponderExcluirQuanto ao texto... infelizmente é muito verdadeiro. Gostei de lê-lo! Muito interessante a ilustração!