A lente do poeta
O poeta, em olhos desnudos,
não pode ver o mundo - pensei...
Por onde andam seus óculos?
Onde estará o seu poder de olhar e ver o todo, o tudo?
Para ver o mundo do poeta
fiz meus planos...
E sou, num instante, engano,
no outro, a crítica desse vasto mundo.
O artista férreo de assaltados olhos
ri-se do bárbaro abandonando o sono.
Já foi cético. Mas seu humor sempre lhe fez humano.
— Já procuraste o meu (mundo) nas pedras? – Indagou-me - Foste a Itabira?... Onde será
amigo meu que o tal mundo se encerra?
Ouvi calado seu sussurro:
—Disse a Colombo – serve-lhe a pista– que, antes, o redondo mundo, hoje, se vê quadrado
numa tela plana; todo ele num segundo. Mas a lente do poeta, pela qual se vê o mundo,
não vai às mãos de quem depreda nem daquele que se conecta... Se interneta, querendo ver
só por prazer ou se dizer além da esfera, estratosfera, ou como defendem atualmente, além da
blogosfera.
Simples, lírica e valente,
minha poesia é minha lente.
Pela qual mais perto vi o mundo.
Para qualquer um está bem à frente.
Vai logo enxergar ao ler...
Como vês, meu nobre amigo, o meu mundo não é só o que se vê... É mais vasto...
E é muito mais do que se sente, muito mais do que ainda um dia poderás crer.
BRUNO RESENDE RAMOS