sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ESPELHO URBANO


Em frente ao espelho
vejo um reflexo enfurecido.
Alguém fazendo um apelo,
uma imagem, um gesto, um grito.

Um rosto marcado pelo tempo,
um tempo gasto inutilmente.
O espelho não espera o momento,
não conhece a nossa mente.

Em frente ao espelho,
caras e bocas ainda reagem.
E o tempo passa sem atropelo,
levando sem dó a imagem.

Em frente ao espelho,
existe só realidade,
maquia-se com empenho,
mas o que manda é a idade.

O tempo é implacável,
não tem como desligar.
O espelho se fosse amável,
em nada poderia ajudar.

O tempo sendo nosso aliado,
consegue nos refinar.
Mas o relógio do tempo,
não pode o tempo parar.
 
Autora: SILVIA TREVISANI
Publicado no Recanto das Letras em 16/09/2010
Código do texto: T2501434

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