segunda-feira, 4 de abril de 2011

SEU MINÉ DO ENTROCADO



















(poesia matuta)


seu miné lá da Aroeira
caducava só di pantim
o cabra lendu seus zóios
pensava nu bichu ruim
achava a prosa verdadêra
(apois vancê espiá...)
o hômi latia de cuatro
fazia fogo cum água
xingava a mulé do ferreiro
proseava tudo ao contráriu
inté mangava das véia
coçando o fiofó de escárniu
modi mostrá valentia
pegava num tôco adiante
fazia dali u'a garruncha
e fingia sê um volante
dessis cum vista di pulga
qui atirava pra todu lado
onde tivesse um cristão errante
danado atrás dum jagunço
qui era só no imagináriu
dizia mirá no batente
um Lampião acochado
vestido só de tridente
e cum capeta dus lado
Avi Maria! Avi Maria!
modi fabricá o fundurço!
seu miné relava neli
Lazarentu! Zarôio! Dentuçu!
e fazia um rito de assômbro
qui era modi pesá o discurso
seu miné dava leseira
que era só pra ri da mófa
du enxame de genti da roça
sorrindu sem serventia
enquanto ele só na galhofa
tinha quem na confiança
das suas palavras tortas
grudava us zóios vidrado
nem pensava qui era troça
e ele nu olhar de abestado
assoava fundo e dizia;
discurpa! tá tudo erradu!
vancês foram inganado!
sô o Miné lá do Entrocado!
mi adiscurpa e muito obrigadu!!

NINA ARAÚJO

4 comentários:

  1. Olá Nina!

    Simplesmente fantástico! o palavreado impecável e a narrativa então?
    Óia e num é que quando vi tava eu lá na roça, bizoiando seu Miné?

    Um grande beijo,

    Helena Cristina Buarque

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  2. Ô Helena Cristina, que bacana o seu comentário! Fiquei muito feliz, e confesso que gosto da poesia urbana, mas se fosse para escolher ficaria uma vida inteira fazendo a matuta, kkkkkkkk...Obrigada mesmo!
    outro grande beijo,
    Nina.

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  3. Pois num é, qui ficô uma belezura!!! - Parabéns, Nina! - Abração

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  4. Brigadu a vosmicê cumpadi Craudio, hehehe!!!

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