Poetalmente falando, amor rima com dor...
Mas no
real, é uma rima dolorida, e que
ninguém gosta de sentir...
Osculos e
amplexos,
Marcial
AMOR E DOR RIMAM, MAS NÃO COMBINAM
Marcial
Salaverry
Realmente, a dor não combina em nada com o amor, embora por
vezes seja consequencia. Na verdade, o amor deveria apenas trazer felicidade e
coisas boas, mas nada é perfeito neste mundo, e o amor também tem o famoso
"outro lado", que por vezes é bem dolorido...
E por causa desses "efeitos
colaterais", muitas vezes nos queixamos do amor, dizendo que não queremos mais
amar, porque o amor só nos causa dor, tristezas, aborrecimentos. Isso, claro,
quando perdemos alguém a quem amamos, mas não podemos nos esquecer de que são
coisas da vida, pois não me parece ser possível dizer a alguém para não amar,
para não sofrer, para não chorar, e que procure melhor escolher a quem vai amar,
assim como jamais será possível querer "obrigar" a alguém que nos ame com a
mesma intensidade...
Efetivamente não parece ser possível, pois o coração
não tem lógica, não tem juízo, apenas tem emoção, e se entrega e, embora
sofrendo, continua vivendo, e sempre querendo mais, mas acontece que, quando o
amor acaba, chegamos a nos fechar na dor, na solidão, jurando nunca mais querer
"entrar noutra fria", que nunca mais vamos amar ninguém.
Mas tal
pensamento dura apenas até a ferida cicatrizar, e aparecer um outro alguém que
nos balance e, como estamos vulneráveis, recomeçamos tudo mais uma vez, com um
novo amor, mesmo sujeitos a nova decepção, a nova dor, tendo contudo, sempre a
esperança de que "desta vez vai", pois sempre existe "aquela" esperança de
chegar à felicidade...
Em casos assim, pergunta-se o que se pode fazer,
pois não parece possivel deixar de sentir amor quando o coração vence a razão,
não é possível anular os sentimentos, calar a vida que teima em nos empurrar em
direção ao amor, pois o sangue continua a correr pelas veias, levando a
esperança de que "desta vez vai" até o coração, impulsionando-o a continuar,
sempre persistindo a esperança de enfim viver "aquele
amor"...
Pergunta-se por vezes, se será melhor simplesmente ignorar todas
essas emoções, fechando-nos numa redoma, onde estaremos protegidos, de tudo e de
todos, mas principalmente, de nossos sentimentos. Será válido viver assim?
Parece que não, pois o amor é a mola que move a vida...
Não temos muito o
que escolher, podendo apenas viver apegados ao passado, isolando-nos em nosso
sofrer, ou damos uma chance ao futuro. Ou vivemos, ou deixamos de viver. Podemos
viver em vida, ou morrer na vida, pois não existe terceira opção, não sendo
possivel segurar o tempo no presente, pois a vida continua, impulsionando-nos
para adiante. Ou a acompanhamos, ou então deixamos que ela prossiga, e
mergulhamos no passado, e se o passado nos trouxe dores, melhor esquece-lo do
que vivenciá-lo. E o presente, nem sempre é bom presente, e nem sempre vale a
pena segurar. O mais indicado, é deletar o que houve, e seguir em frente, porque
atrás vem gente doidinha pra nos deixar pra trás, o que sempre nos traz aquela
dúvida sobre o que fazer...
Na realidade, não existe "se" na vida
prática. A coisa toda resume-se num sim, ou num não. Não podemos vacilar, pois
tempo perdido jamais será recuperado. Assim, é tratar de esquecer o que não nos
trouxe felicidade, e encarar uma nova realidade que talvez nos traga algo de
bom. E isso, só iremos descobrir se não deixarmos de viver, ficando mergulhados
naquela coisa chata que aconteceu.
Não adianta nem pensar nas
alternativas da vida, no que poderia ter acontecido se tivessemos tomado outra
atitude. O que passou, já houve. Temos que cuidar do porvir que está por vir. E
melhor traçar nosso destino, com mais lógica e menos emoção, para não acontecer
o mesmo desatino...
É essa a tênue linha que separa o sucesso do
fracasso. A maneira como escolhemos os rumos a seguir, e é quando nos
perguntamos porque alguns conseguem outros não, mas a resposta é clara. Porque
alguns são mais corajosos se arriscam mais, porque não se prendem a erros e
fracassos do passado, e vão à luta sem medo e mesmo que sofram novos revezes,
não desistem e nem se acovardam, e prosseguem sem jamais baixar a cabeça, sem
deixar-se vencer pelo que houve, e, como diz a música, "levantam, sacodem a
poeira, e dão a volta por cima", não se entregando ao que chamam de "meu
destino", pois não podemos apenas aceitar o que achamos que o destino quer.
Devemos usar nosso livre arbítrio para fazer nosso destino. Se certo, ou se
errado, mas conforme nossa vontade, nosso espírito de luta, nosso amor à vida,
jamais nos entregando às tristezas e eventuais dores do passado.
Temos
que fazer nossa parte, dando uma pequena "mãozinha" ao destino, e pensando
melhor. Claro que às vezes erramos, mas também às vezes acertamos, pois a vida
é um eterno jogo de ganhos e perdas, onde ninguém poderá saber quem realmente
ganhou ou perdeu. Apenas temos que viver a vida apesar do que nos acontecer.
Isso, claro, até a hora em que tudo vai terminar. Essa é a segunda grande
certeza da vida, pois a primeira, foi a de que nascemos.
Contudo, aquele
que viu a oportunidade de ser feliz e deixou escapar por medo ou covardia,
jamais poderá saber se iria ter sucesso ou não, pois não tentou, mergulhado em
sua dor. Quem sabe aquela pessoa que cruzou seu caminho poderia ser o grande
amor de sua vida... Mas, fechado nas dores do passado, não soube ve-la.
E
sempre persistirá a dúvida. Será culpa do Destino, ou do destino criado por seu
medo de viver?
Teria sido melhor se tivesse tentado? Se não tivesse desistido
de viver enquanto vivo?
Para melhor pensar nisso, vamos procurar sempre fazer
de cada dia, UM LINDO DIA.
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