quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

QUANDO FALTA O DIÁLOGO, NADA SE ACERTA

Na realidade apenas quando não há mais possibilidade de um acerto, é que o silencio total apenas evita brigas inúteis.
Vamos entender o diálogo, dialogando...
Ósculos e amplexos,
Marcial

QUANDO FALTA O DIÁLOGO, NADA SE ACERTA
Marcial Salaverry

Realmente quando a deterioração de um relacionamento chegou a esse ponto, nada mais se acerta, pois a  falta de diálogo é o atestado de óbito de um relacionamento, seja de que nível for.  Seja entre marido e mulher, seja entre pais e filhos, seja entre irmãos, seja entre amigos, seja num relacionamento comercial,  quando se chega ao ponto de não ter mais nada a dizer, não existe razão para continuar, eis que não há nada mais chocante do que a “presença ausente”.

O fato de se permanecer em silêncio, indica mesmo um certo distanciamento, uma indiferença completa sobre o que se passa no íntimo. A palavra dita, mesmo que brigando, denota algum interesse, pode mostrar que o relacionamento ainda não está morto, que existe ao menos uma tentativa a mais para um acerto de situação, pois a grande verdade, é que não há nada mais triste do que, após ouvir um desabafo, permanecermos calados, apenas olhando, sem dizer de nossa atenção, de nosso entendimento, ou até de nosso perdão,  ou mesmo de nossa rejeição. Ou não, mas pelo menos falando algo, mostrando claramente nossa posição, o que pensamos sobre o assunto.  A indiferença fere mais do que a mais dura palavra, e é o que indica que nada mais há para ser dito, pois não será ouvido.

Nesses casos, a impressão que passa é que se falou para uma árvore, uma parede, com algo inanimado, e não com alguém que até pouco tempo dividia sua vida.  Por vezes, esse silêncio se deve a uma culpa muito grande, e não tem argumentos para debater. Então, cala-se.  Por que? Defenda-se. Acuse. Mas diga algo, nem que seja uma besteira.
Ao sermos assim recebidos, existem duas alternativas.  Ou insistimos, mesmo que provocativamente, como que atirando pedras, ainda que verbais, mas pedras para tira-lo da impassibilidade, ou chegamos à conclusão de que tudo terminou e não existe a mínima possibilidade de diálogo.  Então, um último adeus... e tchau, foi bom enquanto existiu, porque não dá mais para conviver, se nem sequer o diálogo existe, e esse é o pior tipo de convivência que pode existir, onde não vale mais a pena insistir, pois o que houve se transformou num autêntico “distantes ainda que juntos”. E não é agradável esse tipo de paz litigiosa.

O triste nesses casos, é que muitas vezes queremos falar, as palavras parece que nos chegam à garganta, mas engolimos tudo.  Talvez por timidez, por medo de falar, talvez para não comprometer alguém, talvez pelo receio de magoar, mas magoando mais ainda com o silêncio, que deve ser usado apenas quando realmente se chegou a um ponto final, e nada mais existe para ser dito ou ouvido... É como se houvesse um outro alguém dentro de nós, bloqueando a vontade de falar. E deveríamos faze-lo, pois muitas vezes aquilo que pensamos que poderá ferir, poderá aclarar a situação.

Essa é a importância do diálogo. Definir posições.  Aclarar situações. Acabando com situações dúbias. Sempre é necessário mostrar disposição para esclarecer pontos obscuros.  E com o silêncio, fica mais difícil. Depois, sim.  Uma vez que as coisas tenham se resolvido, poderá haver o silêncio.  Seja aquele silêncio determinado pelo rompimento definitivo, mas claramente definido, ou então o silêncio determinado por um beijo de reconciliação.

O que é realmente importante, é que não pairem dúvidas sobre nossas decisões.  E isso só pode ser conseguido com diálogo, com um entendimento definitivo.  Seja qual for esse resultado, mas que seja consciente e coerente.

Sempre dialogando, sempre nos entendendo, sempre nos desejando a possibilidade de fazer cada dia, sempre UM LINDO DIA.

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