quarta-feira, 10 de agosto de 2011

FOGO-PRESO


FOGO-PRESO
Carmo Vasconcelos

Tenho um poema atado na garganta,
Como uma espinha aguda atravessada,
Cingido ao fogo-preso que o não canta,
Hirta a língua, pla verve não largada.

E a mágoa que bebi, por não ser pouca,
Pela afronta, de fel envenenada,
Traz ressaca de gelo à minha boca,
Pela amarga revolta não gritada.

Porém, se ao rubro a mágoa se agiganta,
Deitada ao gelo, breve é desmanchada,
E porque lisa… a pena já não espanta.

E liquefeito o mote, então sustido,
Corre a mágoa na verve deslaçada,
Esvai-se a espinha, e o poema é engolido!

***
Lisboa/Portugal
10/07/2011
***

2 comentários:

  1. Uma criação poética fantástica, um versejar sem igual, parabéns poeta.

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  2. Muito obrigada, Poeta Vantuilo!
    Feliz que tenha gostado. Honra-me o seu comentário.
    O meu abraço de Portugal
    Maria do Carmo

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