FADO, GUITARRA E SEVERA
(Sextilhas)
CARMO VASCONCELOS
Com licor de feitiço me embriagaste,
Em poemas de ínvio fado me enrolaste,
Fui guitarra e Severa apaixonada…
Por ti, tangi as notas mais plangentes,
Saí do tom em delírios deprimentes,
Rompi as cordas da alma lacerada.
Porque bebi do néctar da loucura,
Adorar-te foi trova de aventura,
Nesse fado de engano e de ilusão…
E agora esta guitarra plange rouca,
Do tanto que te quis em vida pouca,
Do pouco que lhe quis teu coração.
E a noite enferma só lhe traz murmúrios
Do que antes foram címbalos de augúrios,
Promissores saltérios de magia...
E a Severa, tristonha, embrulha o xale,
Já não há fado amado que ela embale,
E a guitarra sucumbe em nostalgia.
***
Lisboa/Portugal
6/Setº/2010
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