quinta-feira, 16 de março de 2017

Sobre Gatos

Eu nunca criei gatos. Aliás, nunca criei animal nenhum. Não por não gostar de animais. Muito pelo contrário: eu gosto até demais. Não crio porque acho que, se a gente resolve adotá-los, é preciso dar toda atenção a eles. E animal "doméstico" para mim é só gato e cachorro. Não me venha com coelho, tartaruga, pássaros, macacos etc... E nem adianta me dizer que são criados em cativeiro, porque espontaneamente eles não nascem em cativeiro. Eles são de cativeiro por uma condição imposta pelo homem. Geralmente "os ancestrais" deles foram aprisionados (ou mortos), e com isso eles perderam o faro, o tino, os dons de viverem em seu habitat, e não puderam (ou souberam) passar para os filhotes. Então, se soltassem um animal desses (de cativeiro), eles seriam presas fáceis de outros animais ou do próprio homem. Voltemos aos gatos:
Eu nunca criei gatos. Mas o meu neto um dia chegou com um aqui em casa. Era um gatinho feio, coitadinho... Minha esposa brigou, reclamou, xingou... Mas o gatinho ficou. Depois o gatinho obrou no banheiro (o gatinho já veio educado) ela reclamou, falou, falou... Deixou pra lá. Minha filha, quando chegou do trabalho, viu o gatinho e se apegou. No dia seguinte, o gatinho amanheceu tremendo e vomitando... Como ninguém entendia de gatos, foi aquela preocupação: dá isso, dá aquilo, faz isso, faz aquilo... Dá um chá. Chá de quê? Sei lá... Reza. Reza pra quem? Pra São Francisco...
Com tanta preocupação, o gatinho ficou bom. Acho que ele queria mesmo era chamar a atenção. E como chamou... Bem, o gatinho foi crescendo cheio de atenções, de leite, de ração, de carne... Resultado: virou um gatão. Para dizer melhor: um lindo gatão. Nem preciso dizer que ganhou nossos corações. Só para vocês imaginarem: ele dormia com a gente. Minha mulher reclamava, brigava, mandava que eu fizesse alguma coisa... Eu não fazia nada. Aliás, fazia sim. Eu dizia: ele acha que nós somos a família dele. E nós não somos?
Pois bem, depois de tanto apego, uma vizinha começou a colocar veneno para matar ratos... Morreu uma gata (Nina, a namorada de Pepe, o nosso gato), morreu o segundo... Nós tentamos "segurar" o nosso gato, pois eu sonhei com ele se debatendo. Morreu o terceiro... Pepe foi o quarto. O meu neto, quando acordou, ficou sabendo. Aí começou a chorar: abriu o bueiro... Mesmo assim foi pra escola. Quando ele voltou da escola, foi logo gritando: minha vó, olhe o que eu trouxe? Era outro gato. Minha mulher reclamou, terêrê, tarárá... O gato ficou. No outro dia, observando melhor, eu vi que era uma gata. Falei com minha mulher. Ela reclamou, brigou, perêrê, parárá... A gata está aqui, começando o reinado dela. Eu nunca criei gatos, porque não sabia que eles são tão maravilhosos. E o nome da gata é Lara.
Obs. Os outros gatos morreram distante da casa da "envenenadora". Já Pepe morreu bem na porta da casa dela. Foi como se estivesse denunciando-a. Depois disso, ela parou de colocar veneno para ratos.
A.J. Cardiais
29.05.2011
imagem: a.j. cardiais

  

Um comentário:

  1. Uma história realmente miauravilhosa...:))
    Realmente por vezes nos apegamos a certos animais dee estimação, e quando eles partem fica como que um vazio...
    Abraços fraternopoeticos caro amigo,
    Marcial

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