terça-feira, 5 de outubro de 2010

FAZER AMOR

Cupid and Psyche, by Salvatore Adamo, 1888


FAZER AMOR
Carmo Vasconcelos

"Fazer Amor"
Pura expressão tecnicista!

Como se o Amor se fizesse...
Como se das mãos brotasse...
Como se do chão nascesse...
Como se houvesse o artista
que tal obra projectasse...

Como se o Amor fosse táctil,
mecânico, elaborado,
artefacto, peça fácil,
mero produto acabado...
Matéria reconstruída,
cria gerada e nascida...

Fazer Amor...
Se alguém fazê-lo soubesse,
qual artífice faz a obra,
qual actor inventa o gesto...
De tal modo abundaria,
tornado tanto e de resto,
que ninguém o buscaria
em ânsias, por ser de sobra.

Por não existir tal dom,
o Amor é raro, precioso,
feito mistério e encanto...
Génio bom e luminoso
que das harpas tem o som
e das sereias o canto.

O Amor…
Pode até inventar-se,
pode vender-se, comprar-se,
pode adiar-se, esquecer-se,
como uma Graça esperar-se,
sofregamente querer-se...

Mas jamais pode "fazer-se" !

***
In “Geometrias Intemporais”, publicado em Lisboa, no ano 2000

2 comentários:

  1. Que lindo Carmo...Lindo e verdadeiro. Parabéns, és maravilhosa na arte de poetar. Beijo e boa noite,Ceiça Lima.

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  2. Obrigada, Ceiça!
    Minha alma fica feliz com teu carinho.
    Beijos
    Carmo

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