terça-feira, 30 de agosto de 2011

Enquanto passavas

Enquanto por mim passavas
Distraída, eu quase inexistente
Aos teus lindos olhos de cor
Comum, castanhos e sóbrios
Por de trás das lentes

Em tudo me concentrava
No poema de Cesário e
No som ritmado de teu caminhar
Elegante, tranqüilo e de uma
Sutileza infinitamente distante
De um andar insinuante.

Queixo elevado, sem nariz empinado
Postura tida em auto-estima
Sem soberba alguma

Tudo isso te misturou à Milady
Dos Deslumbramentos de Cesário
Eu, não vejo perigo em contemplar-te
Já que não impões toilettes complicadas
E nem gestos de neve ou metal

Mas tudo o que lia
Enquanto passavas
Vestiu-se como luva
Ao momento e à minha admiração

Fala-me de teus defeitos
Não sejas a perfeição que vejo
Tropeça ao menos uma vez
Para que possa fazer-me de cordial
E estender-te em arremedada gentileza
Minha trêmula mão
Que quer tocar no que mais
Seduz-me em teu corpo
Tuas delicadas mãos, que têm
Mais elogios do que dedos.
Nelas não há sequer um engano
São a beleza em carne e osso

E em ti, sempre um segredo
Guardado nestas mãos,
Tuas mãos
Que enquanto passavas
Nem se quer me tocaram,
Mas me encantaram.

2 comentários:

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