Vão-se os amores, mas nem tanto assim.
Ficam as lembranças e deixam deles pedaços em mim.
Permanecem os contatos e as saudades,
As boas memórias de dias vividos.
Vão-se os amores, mas nem tanto assim.
Ficam alguns cheiros preservados, como o do cachecol
enrolado.
Permanecem os flashes
de olhares e sorrisos,
As boas memórias das mãos entrelaçadas.
Vão-se os amores, mas nem tanto assim.
Fica, no gelo dos lençóis de hoje, a lembrança do calor de
outrora.
Permanecem guardados os e-mails e cartões,
As boas memórias do anelar das paixões.
Vão-se os amores, mas nem tanto assim.
Ficam seus nomes, suas vozes.
Permanecem no armário os vestidos de noite,
As boas memórias do rodopiar nos salões.
Vão-se os amores, mas nem tanto assim.
Ficam sós, ou mesmo acompanhados.
Permanecem no tempo dos dias vividos,
As boas memórias jamais nos deixarão.
Vão-se os amores, mas nem tanto assim.
Ficam esquecidas as brigas, as rusgas.
Permanecem distantes os dias ruins.
As boas memórias são as únicas que mantenho em mim.
Texto de Teresa Azevedo
Pintura do pintor
espanhol Ramon Casas i Carbó (Movimento Modernista)
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