segunda-feira, 9 de junho de 2014

Rodeio

















Um índio que ligeiramente passa,
(moderadamente pensa
e age naturalmente),
sente que a vida é uma natureza
de natureza mansa e índole dominada...

O índio é o meu desconhecido lado,
desalentado pelo outro: o letrado,
forrado de papel celofane,
com areia prateada e mil e um
lamês de ilusão...

Nessa mansidão, segue em vão
meu coração de sangue guerreiro dominado...
E não há psicólogo
para retirar de mim os louros e as glórias
deste lado.

Só que minha mente
me provoca frouxos “arrasos”,
quando o outro lado (o letrado)
quer levar uma vida melhor...

Quando ele cobra isso de mim,
coitado do meu índio...
Coitado do meu selvagem
que encara tudo com esperança...
Que tem fé até em merda de boi.

Pobre índio que mora em mim...
Segue-me, como sempre,
esperando calado
o sol nascer novamente.

A.J. Cardiais
25.06.1982
imagem: a.j. cardiais

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