sábado, 27 de janeiro de 2018

UMA VIDINHA FELIZ


A preguiça, dizem é má conselheira, vamos ver se realmente tem um fundo de verdade...
Osculos e amplexos,
Marcial
Conto escrito em 14/02/2001, e que já tem passeado pela Internet ligeiramente modificado,
como de autoria de L'Inconnu (AD).

UMA VIDINHA FELIZ
Marcial Salaverry

Existem aqueles dias em que o sol está um pouco preguiçoso e não quer trabalhar, então fica escondido atrás de umas quantas nuvens, e não nos contempla com seu calor e com seu brilho, e quando isso acontece, sempre vem aquela vontade de acompanhar o sol em sua greve, e não sair da cama.

Assim pensava Cipriano, quando acordou, e escutou o barulho da chuva caindo, tirando sua pouca disposição naquele dia. Não bastava estar com dor de cabeça, e ainda mais a chuva?

Decidiu fazer daquele, seu dia da preguiça. Contudo, o toque do telefone fê-lo levantar-se. Lamentou não ter comprado a secretária eletrônica. E para aborrece-lo mais ainda, era engano.

Resolveu que já havia se levantado, cumpriria suas obrigações. Fazer o que se ainda tinha contas a pagar e o bendito do bilhete premiado nunca o escolhia como beneficiário.

Estava de mau humor, porque sua esposa havia viajado junto com os filhos em férias, e ele não encontrava disposição para acompanhar seus amigos “cigarras”.  Amava sua família, e não achava justo cair na farra só porque estavam ausentes. Ainda mais que o dinheiro não estava sobrando.

Assim, sacudiu a preguiça e foi para o trabalho, já começando a sentir-se realizado pelo fato de ter um emprego que lhe garantia a subsistência, e permitia sustentar sua família. Se não com luxos, mas provindo-a do necessário. E já que saira resolveu dar aquela paradinha para comprar o indefectível bilhete. Um dia teria que ser contemplado pela sorte.

Sempre se considerara feliz por ter esse emprego. Gostava daquilo que fazia, e sempre se empenhou a fundo. Intimamente recriminou-se por ter pensado em não trabalhar naquele dia chuvoso. Ali pelas tantas, seu chefe o chamou, dizendo ter algo importante para dizer-lhe.  Existia uma possibilidade de promoção, e a vaga estava entre ele, Cipriano, e Waldemar.  Como Waldemar havia faltado naquele dia, e nada justificara, a balança estava pendendo para ele, pois a decisão precisava ser tomada naquele dia mesmo. “Seu” Mário pediu sua opinião.

Agindo honestamente, Cipriano disse que seria melhor esperar Waldemar estar presente, pois assim as chances seriam iguais, e que ele, Cipriano aceitaria de bom grado o que a chefia decidisse, e que continuaria trabalhando com o empenho de sempre.

Por sua atitude correta, recebeu a promoção, pois a atitude de seu colega fora totalmente oposta quando consultado, pois deixou claro que não sentiria feliz se preterido, e deixaria o emprego. E deixou mesmo.

Assim, o dia que tão mal começara, acabou sendo um dia super feliz em sua vida. Ainda mais quando Waldemar falou com ele, dizendo ter sido o autor do telefonema. Estava tão irritado que telefonou apenas para brigar com ele, chamando-o de puxa saco dos chefes. Coisas do destino.  Sua promoção foi salva por um desafeto. E porque resolveu sair naquele dia.

Ia me esquecendo... Seu bilhete também foi premiado...  Isso sim, é UM LINDO DIA...

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